Contextualizando historicamente a PHDA
Em 1902, Still descreveu um conjunto de crianças com sintomatologia idêntica à apresentada pelos portadores de PHDA e de Perturbação Desafiante de Oposição; desencadeando o interesse pela investigação deste tema.
Em 1968, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações mentais (DSM) introduziu o diagnóstico de Perturbação Hipercinética da Infância, uma designação que se referia mais à agitação que caracterizava os portadores.
Nos anos 70, acontece uma redefinição concetual, com a introdução do défice de atenção como aspeto central desta perturbação.
Desde então muito se tem investigado e descoberto sobre a PHDA...
PREVALÊNCIA
A nova versão do DSM estima que a PHDA atinja cerca de 5% da população infantil e 2.5% da população adulta.
Tende a estar mais presente em rapazes
Verifica-se uma natureza hereditária
CAUSAS
Crianças com PHDA são frequentemente vistas como indisciplinadas ou desmotivadas para a aprendizagem, levando os pais a questionarem-se sobre onde terão errado na educação dos filhos, e a sentirem-se culpados. Contudo, há evidência que a origem da PHDA não está relacionada com o ambiente familiar e educacional, mas sim com causas biológicas, podendo ocorrer em pessoas de todos os contextos socioeconómicos e níveis intelectuais.
As causas concretas ainda não estão totalmente definidas, mas há evidências quanto a:
alterações bioquímicas (dopamina, noradrenalina)
alterações em regiões cerebrais (córtex pré-frontal, sistema límbico, lobo parietal, cerebelo)
alterações genéticas
COMORBILIDADES: quando duas ou mais perturbações ocorrem simultaneamente no mesmo indivíduo.
É comum, os portadores de PHDA também apresentarem:
Perturbação Desafiante de Oposição (ocorre em cerca de 50% dos casos)
Perturbações de Aprendizagem
Perturbações de Comportamento
Perturbações de Tiques
Ansiedade e Depressão
Distúrbios de sono
Consumo de substâncias
MITOS
Muito se fala sobre crianças, desenvolvimento infantil, parentalidade... muitas vezes sem garantia de estarmos perante informação realmente verdadeira e com base científica.
Por muitos avanços que já se tenham registado sobre a PHDA, continuam a existir muitas dúvidas e é fundamental esclarecer alguns mitos:
PHDA afeta só crianças? NÃO
tem que ser hiperativo para ter PHDA? NÃO
o tratamento é tomar medicação? NÃO
todos os PHDA têm baixo rendimento escolar? NÃO
os PHDA não consegues prestar atenção em nada? NÂO
PHDA é preguiça? NÃO
PHDA são menos inteligentes? NÃO
TIPOS DE PDHA
De acordo com a versão mais recente do DSM-V, a PHDA é considerada uma perturbação do neurodesenvolvimento, que se carateriza por:
um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou desenvolvimento
grande parte dos sintomas surgem antes dos 12 anos
vários sintomas estão presentes em dois ou mais contextos (casa, escola, trabalho, amigos, família, outras atividades)
os sintomas interferem no funcionamento social, académico ou ocupacional
Devido à grande variabilidade de sintomas dos portadores de PHDA foi necessário diferenciar 3 tipologias distintas, conforme a frequência e intensidade dos sintomas:
PHDA predominantemente caraterizada pela Desatenção
PHDA predominantemente caraterizada pela Hiperatividade/impulsividade
PHDA combinado (desatenção + hiperatividade)
PHDA predominantemente caraterizada pela desatenção
A criança tem muitas e permanentes dificuldades de concentração, mas sem hiperatividade-impulsividade significativa. Isto é, as crianças com este tipo de PHDA apresentam limitações significativas em focar e manter a atenção em assuntos que lhes pareçam pouco estimulantes em termos audiovisuais. De igual modo, não têm iniciativa para organizar tarefas e resolver problemas, ou para aprender algo novo, sentindo-se facilmente aborrecidas passados apenas alguns minutos.
PHDA predominantemente caraterizada pela hiperatividade/impulsividade
Crianças hiperativas apresentam graves dificuldades em permanecer quietas e silenciosas, mesmo quando o contexto ou a situação o exigem (sala de aula ou à mesa). Crianças impulsivas dificilmente são capazes de controlar as suas reações imediatas ou de pensar antes de agir (fazer comentários inadequados e ter reações agressivas sem pensar nas consequências). Nestes casos, a criança não apresenta problemas atencionais significativos.
PHDA Combinado
Considera-se quando estão presentes sintomatologia de Desatenção e de Hiperatividade/Impulsividade.
No entanto, é importante realçar que alguns sintomas estão presentes tanto no tipo Desatento como no Tipo Hiperativo/Impulsivo, nomeadamente, alterações no sono, alterações nas funções cerebrais, alterações sensoriais e humor inconstante.